Terça-feira, 09.09.08
Entrei. Ela estava sentada na mesa da cozinha a tomar um café…
- Não repares… hoje acho que vou precisar de vinte cafés…
Ri-me do seu comentário e sentei-me.
- Onde estão os putos ?
- Ainda a dormir… esqueces que têm uma semana de férias…
- E o teu meretíssimo esposo ?
- Já foi para o tribunal… Tinha um julgamento mesmo cedo…
Os julgamentos dele já eu conhecia… mas não lhe disse nada… sei que os amigos são sinceros uns com os outros… mas também sei o quanto a Marcela ama aquele cobarde e não queria que ela perdesse o rumo da sua vida, como eu perdi da minha, quando o Ricardo me deixou…
- Bem… mas quê? Vieste de novo de autocarro?
- Agora ando numa fase de proteger o ambiente… deixo o carro em casa…
- Sofia… não é por tu vires de autocarro que vai existir menos monóxido de carbono na atmosfera… sabes disso, não sabes ?
- Acho piada… - encolhi os ombros, tipo, como que vencida… - já pensaste a diminuição de monóxido de carbono que existiria, caso todos nós deixassemos o carrito em casa ? Acho que não tens verdadeira noção…
- O que eu sei é que a cada dia que passa te pareces menos com a contabilista pragmática que eu um dia conheci… Acho que devias voltar às consultas com aquele psicológo… como era o nome dele ?? Dr. Rik… Rik…
- Rikwaan… - magoou-me o seu comentário, mas não o deixei transparecer… - é verdade, tenho que lá voltar… quanto mais não seja para ver aqueles olhinhos verdes tentarem perceber-me…
- Adoras ser o enigma que és…
- Eu não sou nenhum enigma… Que ideia a tua !
- Sofia… está na hora de voltares à Terra… viveres a tua vida da maneira que sempre foste, até o Ricardo partir… afinal a vida continua…
- Olha… sermões logo de manhã ?? Por favor, dá-me descanso ! Estou com uma ressaca!!!
- É também disso que falo !!!! Agora só pensas em beber e sei lá que mais !
- Não me parece que sejas minha mãe ! E sabes que mais ? Vou indo !
- Sofia, mas não iamos juntas ??
- Não! – respondi friamente. – tenho que passar noutro sítio… até logo.
Ela não precisava perguntar onde eu ia… era óbvio…
Caminhei rapidamente… Queria senti-lo perto de mim… não podia abraçá-lo… já há muito tempo que não o podia abraçar… mas ali, ali sim, podia senti-lo… Comecei a correr, como se não aguentasse mais dois minutos de vida, se não chegasse lá rapidamente… As lágrimas escorriam-me pela face… Eram quentes… O rosto dele veio-me à mente… o sorriso… as palavras carinhosas… e mais uma vez dei comigo a perguntar-me « - mas o que é que nos aconteceu ? »
Jo
Segunda-feira, 08.09.08
Bem... a todos que visitarem este blogue... Welcome!!! :D
Resolvi partilhar os meus escritos... são uma forma de eu levar a imaginação um bocado mais além... imaginação essa que se deve talvez ao facto de eu ser uma geminiana:)
Todos os dias vou postar um bocadinho daquilo que tenho vindo a escrever... espero que gostem e se assim for deem-me opinioes... Quanto aos acentos ortograficos, compreendam que o meu teclado é holandes...
Beijos e abraços e obrigado pela visita :)
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12 de Outubro de 2005
Não me perguntem porque choro, porque grito, porque sufoco, porque sinto um nó na garganta… Não exijam de mim o que não posso dar porque afinal, chega !!! Sim, tornei-me um ser rebelde que pouco ou nada sabe da vida, mas que sabe que as pessoas conseguem ser crueis, insensiveis, frias, egoístas…
O meu nome é Sofia… tenho quase 30 anos mas sinto-me como se ainda não tivesse passado dos treze, e ao mesmo tempo, como se tivesse quase cinquenta… resumindo e concluindo, não sinto a minha idade… os meus poros não respiram trinta anos, nem nada semelhante. Respiram sim revolta, tristeza, mágoa ! Sim, muita mágoa, capaz de destruir o mais belo dos sentimentos.
Hoje acordei com a sensação de que não me resta muito tempo… Estou a ficar doida, segundo os meus amigos.. A mim apetece-me é beber, curtir, e quem sabe fumar umas ganzas para esquecer a vida, o mundo e acima de tudo as pessoas…
Dizem que sou amada por muitos e odiada por alguns… Sou o tipo de pessoa que cativa até as crianças… Porquê ? Não me perguntem…
Enquanto escrevo este diário, tenho que ter cuidado para não escrever com abreviaturas… sim, claro que já fui contaminada pela escrita rápida e curta da nossa juventude, não fosse eu também adepta de foruns, e chats. Sou uma das assassinas à nossa língua… uma daquelas que um dia se calhar já não vai saber se se escreve « kero » ou « quero ».
Continuando…
Levantei-me e tomei um banho de água fria… Tinha que curar a ressaca do dia anterior… Sim, ainda me embebedo para esquecê-lo, como se adiantasse de alguma coisa… Acabo a noite a chorar e a lamentar tudo e mais alguma coisa… mas o meu cérebro, neste momento, não dá para mais… Quero beber, até esquecer…
O duche frio acordou-me… Não sequei o cabelo… não me apeteceu… tomei um café , fumei um cigarro e corri para o autocarro… O trabalho esperava-me e quanto a isso não havia nada a fazer… se queria ter dinheiro para pagar a prestação, tinha mesmo que trabalhar. Antes de ir para o escritório,onde trabalho como contabilista, tinha que passar em casa de uma amiga. Ela, sim, tinha a vida que eu queria… casa fixa, filhos, marido… eu às vezes conseguia ser invejosa… e cobiçar a sua vida… mas no fim acabava por entender que eu não tinha a vida que merecia, mas ela sim… tudo o que tem, merece…ou quase tudo…
Jo
Segunda-feira, 25.08.08
"Deixei o meu coraçao em Africa" é o titulo do livro que comprei nas férias, numa livraria, mesmo na esquina de uma perpendicular a rua onde fica o "Café Europa" na Figueira da Foz, onde eu todos os dias ia almoçar ou tomar café com os meus amigos.
Naquele dia, depois do almoço, deixei-os no café Europa, a navegar na internet, a fumar uns cigarros e a tomar café, e entrei na livraria... Toda a gente sabe que desde os meus cinco anos, a minha paixao é ler... Quantos livros já li? Não sei... sei que o primeiro livro que li, foi aos cinco anos - "Cortei as tranças" de Antonio Mota. Isto sao pormenores que nao importam. Mas so para explicar, que encontrar esta rapariga numa livraria, completamente absorta, nao é novidade.
O titulo chamou-me a atençao... Eu estava de partida para a Bélgica, as férias estavam a terminar, e eu ia deixar muito de mim em Coimbra... Nunca pensei é que este livro me fosse dizer tanto... é simplesmente lindo, real... na personagem principal consigo ainda reconhecer alguém que me é muito querido... é um livro mesmo muito interessante que nos remonta ao tempo da Guerra colonial, que nos faz perceber um pouco do que era a vida social e politica daquele tempo... é simplesmente um livro para ler...
Manuel Arouca, esta de parabéns... a mim conseguiu sem duvida tirar o folego e levar mais longe com este maravilhoso livro...
Jo