Querido amigo,
Faz meio ano que nos deixaste… Faz meio ano que incredula ouvi aquelas palavras chorosas da Ana : « O Ernesto morreu… » Fiquei em choque… so me lembro de perguntar : « Mas o que é que estas para ai a dizer ? » e a minha cabeça começou a andar a roda… era a minha ultima semana de trabalho no hospital… e ficou bem marcada.
Aquelas palavras, o choro da Ana e da Caty, nada fazia sentido, e eu em choque, sem derramar uma lagrima, corri para as urgencias para saber onde estavas, como estavas… Ja ca nao estavas…
Perdemos-te assim do nada, numa tarde de Abril, em que o sol até brilhava… assim numa tarde normal, num dia normal, num mes normal… numa tarde que nao nos deixava adivinhar que no fim do dia, um grande amigo haveria partido…
Quando eu tentava confortar a Lucia, a policia veio falar comigo… pensavam que eu era familia directa. Explicaram-me como tudo aconteceu… que nao sofreste… foi quase instantaneo… e eu so queria gritar « Maldito camionista !! » .
Dois dias antes tinhas estado la em casa… Querias ir fazer solario comigo, lembras-te ? « Para a semana vou fazer solario ! » . Eras tu que punhas o meu ego la em cima… dizias sempre : « Mas tu onde vais assim ? Vais arranjar namorado, assim toda bonitona ! » ou « Tu vais a madrinha! Estas muito bonita ! » . E a primeira coisa que me dizias quando chegavas ao pé de mim era « Hello Babe ! » sempre… e agora ja nao ouço isto… e as lagrimas estao a chegar aos olhos, porque me estou a lembrar de ti e da tua alegria a contagiar toda a gente.
A Rita esta enorme… ja fala… fala tao bem… quando olho para ela vejo o pai… queria tanto que estivesses aqui para ve-la… A Lucia tenta seguir em frente, mas eu sei que nao é assim tao facil… A Catia nao a vi… Desculpa… ela esteve ca de férias, mas eu nao estava ca…
Sabes uma coisa ? Quando vou na auto-estrada e vejo uma mota aproximar-se nao ha uma vez que nao pense em ti, que nao tenha medo de bater na mota e provocar uma morte, que nao tenha medo de ver a mota mais a frente, toda desfeita. Tenho medo…
Babe… era a maneira que tinhas de mostrar quando gostavas de alguém… chamar babe…
Amigo, temos muitas saudades… muitas… és o melhor lisboeta que eu conheço… e sim, és , porque para mim e para muitos, continuas bem vivo na memoria e no coraçao…
Beijo enorme Babe… Até um dia…
Da tua sempre amiga,
Joana