Sexta-feira, 5 de Dezembro de 2008
Quando acordou naquela manha, nao sentiu nada de especial.
Nao vestiu a roupa que mais gostava, nao bebeu café com leite nem comeu torradas. Bebeu um copo de leite e saiu a correr. Nao levou o seu cd preferido para ouvir a caminho do trabalho, porque nao podia perder um minuto a subir as escadas para ir busca-lo ao quarto.
Nao pressentiu como nos filmes dao a entender que sim. Nao lhe passou pela cabeça, nem teve um sonho mau na noite anterior. Nao se despediu da mae, do pai, ou dos amigos. Nao sabia…
E mesmo quando o carro lhe bateu de frente, nao se apercebeu do que acabara de acontecer. Assim é a vida… nao prevemos a nossa hora, nao sabemos quando ou quando nao… e é por isso que « Carpediem » tem hoje para mim um significado mais profundo que ontem. Mais que a minha vida, amo a vida dos meus…
Para a Beta (da tua Ferrazinha), e o Ernesto (da Babe), com saudade…
Para a Carina, com um beijo de esperança…
Jo
Quinta-feira, 4 de Dezembro de 2008
Eu disse nao disse?? Esta vida é uma merda e amanha também posso ja ter partido.

Porque enquanto neva, eu ja nao sou eu, e este novo eu deseja ardentemente uma lareira e um abraço quente... Por isso deixa nevar... nem que seja so mais um bocadinho... Deixa-me ser nao-eu...
A nossa amiga Cloudy passou-me o desafio… nomear oito dos nossos sonhos… nao acho uma tarefa facil porque nao sou pessoa de sonhos, mas de objectivos. Ja sonhei sim, mas agora sou muito mais limitada e cinjo-me ao concretizar de objectivos… O que vou assinalar sao alguns sonhos e vontades… porque vontades nao sao necessariamente sonhos e vice-versa…
- publicar um livro
- viver uns tempos em Africa, sem luz, telemovel, internet.
- ver uma orca, mas no seu habitat natural
- aprender a tocar piano
- andar a cavalo
- ter filhos e adoptar uma criança
- ter uma casa na praia
- que eu e os meus sejamos felizes ( e nao é o que queremos todos ? )
Resumindo… sou muito basica… porque nao perco muito tempo a sonhar.
Nao vou passar o desafio, porque sei que quem o quiser fazer, fara (nao, nao é porque curto quebrar correntes ! ). Portanto, sintam-se a vontade e partilhem os vossos sonhos, vontades, desejos ou objectivos, sejam estes quais forem :)
Quarta-feira, 3 de Dezembro de 2008
Quando o telefone tocou nada fazia adivinhar o que eu iria ouvir. Deixei-me cair no sofa, com dificuldade em respirar. A minha cabeça começou a rodar e eu senti nauseas. Fui a correr vomitar, e as lagrimas rolaram. Vesti o casaco e corri para a garagem.
A caminho, as palavras do Ricardo borbulhavam na minha memoria, e eu so queria chegar a tempo. O tempo… algo mais precioso do que conseguimos aperceber-nos na correria diaria das nossas vidas.
Quando cheguei ao hospital, entrei no serviço de urgencias, vesti uma bata, e preparei-me para entrar no bloco operatorio. Uma mao agarrou-me.
- Dra. Luisa, nao va… aguarde pelo Dr. Ricardo.
Soltei-me e nao lhe dei ouvidos. Entrei no bloco operatorio. Ele estava ali, deitado naquela maca, banhado em sangue. Aproximei-me e mais uma vez o sistema nervoso mexeu com a minha capacidade mental de encarar friamente o que estava a ver. Acariciei-lhe o rosto sem expressao, e pela primeira vez na minha vida, rezei. Ali estava o amor da minha vida, o meu companheiro, a pessoa mais meiga e solidaria que alguma vez havia conhecido, o médico mais competente, o filho mais carinhoso. Senti-me desfalecer, até sentir-me ser arrastada para o corredor. Senti molharem-me o rosto e acordei, quase que certa de que nao passava de um pesadelo. Estava enganada.
- Luisa… eu sinto muito…
- O que aconteceu ? – ja nao conseguia evitar o pranto. As lagrimas eram agora uma corrente de agua limpida que me escorria pelo rosto. Eu sabia que nao havia nada a fazer, mas nao queria ouvi-lo.
- Foi um acidente. Tens que ser muito forte.
- Deixa-te de merdas e diz-me por favor quais sao as possibilidades do Joao sobreviver.
- Luisa, é morte cerebral… - e ao dizer isto, o Ricardo sempre tao forte, tremia como varas verdes.
Nao respondi. Deixei-me desfalecer de novo.
Quando voltei a mim, o Ricardo ainda estava ao meu lado.
- Desculpa o que vou falar contigo, mas nao ha tempo a perder.
- Eu quero saber como foi o acidente. Tudo.
- Calma… um condutor embriagado espatifou-se literalmente contra o carro do Joao.
A raiva apoderou-se de mim.
- Morreu ? – perguntei.
- É sobre isso que precisamos falar. – agarrou-me numa mao. – Luisa, esse homem sofre de cardiomiopatia. Depois deste acidente, ficou muito mal. Ja nao ha esperança para o Joao, e tu sabes a sua posiçao sobre a doaçao de orgaos.
Retirei a minha mao, como que para acentuar o meu desagrado.
- Tu estas a sugerir que o Joao ajude a salvar a vida de quem o matou ? Nunca !
- Calma Luisa ! Tenta pensar !
- Tento pensar ? O Joao era teu amigo, por amor de Deus ! Cresceram juntos ! Tu eras amigo dele !
- E sou, e serei sempre ! Mas acima de tudo sou médico, tu és médica, o nosso dever é salvar vidas, sejam estas de quem forem.
- Eu sou médica, mas acima de tudo tenho sentimentos, sou humana !
- Se és humana, entao saberas o que fazer Luisa.
Entrei novamente no bloco operatorio e abracei o corpo vermelho que jazia naquela maca. Lembrei-me das inumeras conversas que haviamos tido sobre doaçao de orgaos. Sobre a sua posiçao em relaçao a isso. Sobre a promessa que me havia obrigado fazer de que doaria os seus orgaos caso ele falecesse antes de mim. Mas eu nao podia. Nao podia deixar que se salvasse a vida daquele condutor bebedo que acabou com a nossa vida… Nao podia !
Quando me preparava para ir a casa, o Ricardo voltou e antes que eu saisse, apelou :
- Luisa, pondera por favor… nao ha tempo a perder… aquele homem nao pode perder mais tempo…
Tempo… se eu soubesse naquela manha que nao iria ter tempo de me despedir do Joao… se eu soubesse no dia anterior, teria preparado a sua refeiçao preferida em vez de lhe pedir para nos fazer uma sopa. Teria dormido abraçada a ele, em vez de ficar deitada no sofa a ler… se eu soubesse que o tempo nao espera, e nao da segundas oportunidades… se eu soubesse… nao teria desperdiçado um minuto sem lhe demonstrar o quanto o amava.
Voltei-lhe as costas. A saida pude ver uma esposa desesperada tal como eu, mas agarrada a duas crianças. Nao quis reparar nas crianças, nao quis sentir pena. Nao, eu estava naquela situaçao por culpa do familiar deles.
Em casa, deixei-me adormecer no sofa e sonhei com o Joao. A conversa sobre a doaçao de orgaos foi o tema e acordei sufocada e lavada em lagrimas. Tomei um duche. Fui para o hospital e despedi-me do meu amor… Assinei um papel e voltei para casa.
Passaram seis meses. Sinto a tua falta Joao… hoje mais do que ontem… penso em ti constantemente. E hoje, nesta vespera de Natal, sei o que vou fazer.
Visto o casaco e entro no carro. O destino é a casa de quem ficou com o teu coraçao, essa parte de ti que ainda vive…
Estaciono em frente a casa. Vejo-o a entrar cheio de embrulhos e duas crianças a gritarem de alegria. Ele nao me ve. Mas ele tem um pedaço de ti, meu amor…
Deixo-me chorar, sentada no carro gelado e vazio de ti. A chuva começa a cair, e com ela a certeza de que tu nao mudaste o mundo, nao salvaste a humanidade, mas mudaste a vida de um homem e da sua familia, e mudaste a minha… fizeste-me perceber que esta vida nao para, que o tempo nao perdoa, que é escasso para desperdiça-lo com magoas… e fizeste-me entender que esta vida é dar sem esperar receber, perdendo por vezes, como foi o nosso caso… seras sempre o meu heroi…
Ps… perdoem a falta de acentuaçao ;)
Terça-feira, 2 de Dezembro de 2008
Hoje encontrei um blog que criticava a falta de acentuaçao no meu blog.
Primeiramente, acho que antes de escreverem nos blogs pessoais sobre outros blogs devem deixar a vossa opiniao no blog em questao... Se o senhor que escreveu este post tivesse comentado o meu blog, e até dito que escrevo bué mal e so acentuo os "é's", dar-me-ia a oportunidade de esclarecer o porque...
Porque como ja disse mais do que uma vez, o meu teclado é diferente. E por isso nao acentuo as palavras. Nao porque nao saiba, ou me esqueça, muito pelo contrario, prezo muito a minha lingua materna, mas simplesmente, neste aspecto nao posso fazer nada... Até ja experimentei escrever no Word, mas caros amigos, o corrector nao é em portugues e como tal desisti...
Quem quiser continuar a ler o blog... Be my guest. Quem tiver criticas, pode criticar a vontade mas agradeço que me informe também, para que eu de alguma forma me possa defender.
Sim Sr. Obtuso, sou universitaria, mas como lhe disse, estudo em holandes. Estou perdoada?
Cumprimentos.
Segunda-feira, 1 de Dezembro de 2008
Escureceu...
As nuvens encobrem o céu, nao deixando ver nem uma estrela...
Parecem mover-se pelo céu como se tivessem asas...
Mas nao tem...
Enquanto olho pela janela, imagino-me deitada num campo.
Aí nao esta frio.
A noite esta amena.
Estou deitada, em cima de relva fofa e a minha volta, adivinha...
Malmequeres amarelos por todo lado...
Consegues imaginar-me?
Consegues sentir-me?
Consegues sentir-me enquanto olho as nuvens?
Nuvens essas que se afastam lentamente umas das outras...
Imagina...
Sento-me, olho a minha volta e é tudo tao magico,
Tudo tao belo no silencio daquela noite...
Quando me volto a "atirar" para a relva,
Ja nao se veem nuvens...
As estrelas brilham...
Ouço os grilos...
Lindo, magico, sossegado...
Ninguém me pode tocar,
Ninguém me pode acordar daquele mundo magico...
As estrelas brilham cada vez mais e sinto-me adormecer...
Perdida nos meus pensamentos...
Perdida em tudo e em nada...
Perdida em nada e em tudo...
Perdida em nada,
Porque sei que um dia seras nada para mim...
Perdida em tudo,
Porque sei que hoje és tudo...
Perdida nos meus pensamentos...
Perdida nos meus sonhos...
Perdida em ti...
Consegues imaginar-me?
Consegues sentir-me?
Sera que me sentes?
Sera que sentes a saudade chamar-te?
Sera que a saudade te diz o meu nome?
Imagina-me...
Imagina...
Toda esta magia a minha volta...
E tu deitado a meu lado...
Deita-te neste campo de malmequeres...
Vem olhar este céu estrelado comigo...
Vem sentir este cheiro a terra...
Vem... Quero partilhar esta magia contigo...
E olhamos os dois para o céu,
Vemos as estrelas,
Sentimos a magia,
E sentimos que o mundo é nosso...
E sabes que mais?
Poderia ser...
Imagina... Consegues imaginar?
Jo (Set08)
Hoje quero ficar sozinha...
Fechar as persianas, desligar a luz, e enfiar-me debaixo do cobertor...
E chorar... chorar... sentir pena de mim... quero sim sentir pena de mim...
Hoje quero ficar sozinha...
Adormecer rapidamente, e ser levada para outro mundo...
E sonhar... sonhar... acreditar que estou algures melhor... que ha algo melhor...
Hoje quero fechar-me neste meu mundo do qual nunca deveria ter saido...
Quero fechar-me e esquecer que existem mundos tao diferentes do meu...
Hoje quero e vou fechar-me destes mundos hipocritas...
Hoje quero e vou fechar-me no meu mundo, em que o sentimento e respeito predominam...
Hoje sim, vou voltar a acreditar em mim e esquecer que as pessoas sao crueis...
Hoje sim, vou mais uma vez, fechar esta porta a sete chaves...
E nao, nao vais poder entrar mais... nem tu nem ninguém...
A nao ser alguém que saiba o que é o respeito... a amizade ... o carinho...
Hoje, esquece que eu existo, pois tu nao me conheces...
Amanha, nao tentes conhecer-me...
O teu mundo e o meu nao se cruzam...
O teu mundo e o meu sao mundos diferentes...
O teu mundo nao me agrada... e mesmo que o meu te agrade...
Mesmo que o meu te agrade, é tarde demais... Tu nao lhe agradas...
Hoje vou meditar...
Vou meditar sobre tudo...
Hoje vou aprender...
Mais uma vez aprender...
Hoje vou voltar a fechar-me para o mundo...
E entrar so no meu...
Porque sim.. no meu predominam o respeito e amizade...
Porque sim o meu é puro de sentimentos...
Porque sim, o meu mundo é aquele que conseguiste penetrar apesar de nao o mereceres...
Mas o meu mundo ainda aqui esta...
E para sempre ficara...
Porque... Hoje...
Hoje quero ficar sozinha...
Meditar...
Fechar-me no meu mundo...
E cura-lo...
Jo (12-09-2008)