Foi no dia em que a viu com um outro homem que percebeu que teria de tomar uma atitude.
Amava-a ha anos em segredo, sucumbido a tristeza de nao a ter nos seus braços, excepto quando a amizade o permitia. Queria por tudo ensinar-lhe a vida, o amor, a paixao, leva-la nos braços do seu amor até ao infinito.
Amigos, eram so isso. Uma amizade que o corroia por dentro. Uma amizade que destruia cada vez mais aquele ser incapaz de aceitar a verdade, aquele ser que absorvia, por cada poro seu, a vida daquela mulher.
Ela desconfiara sempre deste amor, mas nao retribuia, e como tal, fingia nao ver a loucura que ao longo do tempo se apoderava dele.
Ela apaixonou-se. Ela cedeu ao amor, mas no regaço de outro. Ela quis viver mas nao ao seu lado.
Ele nao tolerava. A sua loucura fe-lo crer que a poderia arrancar dos braços do outro para sempre. O plano diabolico iria entrar em acçao.
Susana adorava-o, apesar de o sentir enlouquecer . Eram amigos e ela esperançava que ele um dia encontrasse o amor noutro alguém. Quando recebeu o convite dele para jantar, ainda nao sabia que ele descobrira a relaçao dela com o Joao. Queria prepara-lo para a conversa, de modo a que o magoasse o menos possivel.
Nao foi nessa noite que se deu a conversa. Quando Susana chegou ao apartamento de Paulo, este abriu a porta sorridente. Estava perfumado, com boa cara. Entrou e olhou em volta. Tudo limpo. Flores na mesa, muitissimo bem decorada, e um porta-retratos em cima do movel com a foto dele e outra pessoa. Uma jovem, bonita, com um sorriso aberto. Susana nao perguntou nada sobre a foto. Melhor assim. Poderia entao contar-lhe tudo e seguiriam as suas vidas como verdadeiros amigos. Quem sabe poderiam também sair os quatro. Ela iria adorar. Tinha Paulo como um verdadeiro irmao e ja o conhecia ha anos.
Sempre fizeram grandes viagens juntos, e muitas vezes as pessoas julgavam-nos namorados tao grande a cumplicidade.
- Senta-te! Nao estejas de pé a fitar-me enquanto cozinho, deixa-me nervoso.
Susana aproximou-se .
- Ainda falta muito ? – perguntou.
- Nao, nao… esta mesmo quase. Queres beber alguma coisa ? Um martini ?
- Sim, pode ser. Eu preparo, nao te preocupes.
Conversaram animadamente e Susana sentia que alguma coisa estava a deixar o amigo feliz. « Com toda a certeza um novo amor » - pensou.
O jantar estava a correr lindamente até que Paulo se sentiu mal.
- Paulo ! Calma, que se esta a passar ?
Entre dores e nauseas, Paulo sorria.
- Eu sei Susana, eu sei que tinhas outro… achas que eu deixaria tudo acontecer conforme planeavas ? Mataste-me Susana, é o que se esta a passar…
A rapariga olhava-o confusa.
- Nao estou a perceber…
Paulo agarrou-lhe a mao.
- Nao estas mesmo? – acariando-lhe a mao, e ja quase sem folego, respondeu – Nao ficas comigo mas também nao ficas com ele…
Foi tudo muito repentino até que este caiu literalmente no chao. Susana entrou em panico e chamou a ambulancia. Roia as unhas enquanto chorava como doida.
Quando os médicos chegaram ja nao havia nada a fazer. Estava morto e fora envenenado.
- Envenenado ? Mas como ? So ca estavamos os dois!
A policia entrou nesse momento. - Minha senhora, queira acompanhar-nos por favor.
Susana olhou-os confusa.
- Nao acham que eu…
Foi entao que percebeu. O desespero apoderou-se dela.
Susana foi condenada a prisao perpétua.
Paulo deixou uma carta escrita a « namorada » que arranjara, em que dizia sentir medo da reacçao de Susana quando soubesse da « relaçao » deles.
Paulo planeou a propria morte, de modo a culpar Susana, para que esta nao entregasse a sua vida a outro homem… inventou uma namorada, cujo rastro a policia nunca conseguiu encontrar, escreveu uma carta para a mesma inventando medo por Susana, e matou-se, envenenou-se, dando a entender que fora Susana…
Crime mais perfeito seria impossivel… mas isso so Susana sabia…
Texto ficticio escrito por mim para a Fabrica de Historias